Mudanças paradigmáticas na obra de Tom Zé: desconstruindo os tons do samba

Autores

  • Leonardo Corrêa Bomfim UNESP

Resumo

Este artigo apresenta de forma sintética algumas discussões realizadas e conclusões obtidas na dissertação de mestrado do presente autor, defendida em 2014 na Universidade Estadual Paulista – UNESP (BOMFIM, 2014). Nesta pesquisa foi abordada parte da obra do compositor, arranjador, cantor e performer Antônio José Santana Martins, popularmente conhecido como Tom Zé, envolvendo cinco discos do músico, localizados entre os anos de 1967 e 1976. Entretanto, nesta publicação me restringi a elencar características da música Toc, do disco Estudando o Samba (1976), devido à observação de que esta peça incorpora, efetivamente, mudanças paradigmáticas mais representativas na obra de Tom Zé – dentro do recorte temporal selecionado. Esta afirmação é corroborada pelo depoimento do maestro e educador Hans-Joachim Koellreutter – que ministrou aulas para o compositor baiano durante os Seminários de Música da UFBA –, defendendo que a música Toc inaugurou uma nova proposta na estrutura composicional do artista, enquadrando-se na Estética Relativista do Impreciso e do Paradoxal do teórico alemão (KOELLREUTTER, 1987-1990). Assim como nos conceitos-chave de relatividade, paradoxalidade (dualidade), acausalidade, imprevisibilidade (incerteza), entrelaçamento e complementaridade, conforme minhas constatações na dissertação. Estas noções estão associadas a mudanças de paradigma (KUHN, 2011), observadas tanto na arte quanto na ciência moderna (física quântica e relativista) dos séculos XX e XXI, de forma que, ambas as áreas são concebidas como elementos constituintes da cultura, que interagem diretamente com a consciência e o nível de conhecimento do homem em seu momento histórico. Sendo assim, foi possível observar este diálogo ocorrente entre o pensamento koellreutteriano e a obra de Tom Zé, ampliado a partir do lançamento deste álbum de 1976, que revelou novas nuances do compositor e estruturas composicionais divergentes de formatos comumente observados no samba “tradicional” e na música popular brasileira.

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Biografia do Autor

Leonardo Corrêa Bomfim, UNESP

PPGM

MÚSICA

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Publicado

2015-03-15

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Seção

Artigos - Etnomusicologia/Música Popular