“Reaprender a viver”: os sentidos da morte e do sofrimento entre mães que perderam filhos

Autores

  • Katia Lerner
  • Aline Ferreira de Faria

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2019.v4i7.180-200

Palavras-chave:

Ruptura biográfica, Perda, Morte, Maternidade

Resumo

Este artigo objetiva compreender os sentidos da morte e do sofrimento entre mães que perderam precocemente seus filhos (na faixa etária entre 14 e 25 anos). Buscou-se analisar os modos pelos quais essas mortes impactaram concreta e simbolicamente suas vidas, como reconstruíram suas identidades e suas relações com o entorno. Foram realizadas 13 entrevistas com base em roteiros semiestruturados e conduzidas a partir de um olhar etnográfico, sendo seis com mães, seis com seus familiares ou amigos, e uma com um pai que perdeu a filha.  O advento da morte provocou uma reorganização simbólica e material de suas vidas, embora a maternidade tenha permanecido como eixo estruturante de suas identidades. Essa condição gerou simultaneamente estigma e compaixão: de um lado, o distanciamento que as noções de morte e sofrimento evocam e, de outro, a aproximação que a condição sagrada de mãe carreia. Tal ambiguidade apresentou intensidades diferenciadas, segundo o tipo de perda em jogo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARIÈS, Philippe. Las actitudes frente a la muerte. In: _______. Historia de la muerte en Occidente: Desde la Edad Media hasta nuestros días. Tradução de F. Carbajo e R. Perrin. Barcelona: El acantilado, p. 23- 104, 2000.

BADINTER, Elisabeth. L’amour en plus: l’histoire de l’amour maternel. Paris: Le livre de poche, 2001. 472p.

BURY, Michael. Chronic illness as biographical disruption. Sociology of Health and Illness. Brighton, v. 4, n. 2, p. 167-182, 1982.

ELIAS, Norbert. A Solidão dos Moribundos. In: _______. A Solidão dos Moribundos seguido de Envelhecer e Morrer. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 7-78, 2001.

FASSIN, Didier e RECHTMAN, Richard. L’empire du Traumatisme: enquête sur la condition de victime. Paris: Éditions Flammarion, 2007. 452 p.

FOUCAULT, Michel. O Nascimento da Clínica. Tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011. 231 p.

GOFFMAN, Erving. Estigma e identidade social. In: _______. Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Tradução de Márcia Bandeira de Mello Leite Nunes. Rio de Janeiro: LTC, p. 11-41, 2008.

HALBWACHS, Maurice. Memória coletiva e memória individual. In: _______. Memória Coletiva. Tradução de Laurent Léon Schaffter. São Paulo: Vértice, p. 25-52, 1990.

HERZ, Robert. Contribución a un estudio sobre la representación colectiva de la muerte. In: _______. La muerte: la mano derecha. México: Alianza Editorial Mexicana, p. 13-102, 1990.

ILLICH, Ivan. A morte escamoteada. In: _______. A expropriação da saúde: nêmeses da medicina. Tradução de José Kosinski de Cavalcanti. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 132-157, 1975.

KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. O luto no Brasil no final do século XX. Caderno CRH, Salvador, v. 27, n. 72, p. 593-612, set./dez. 2014. Disponível em <http://www.redalyc.org/pdf/3476/347639244010.pdf> Acesso: 25/01/2017.

MAUSS, Marcel. L’expression obrigatoire des sentiments. Chicoutimi, Québec : Édition électronique, 2002. Disponível em: <http://classiques.uqac.ca/classiques/mauss_marcel/essais_de_socio/T3_expression_sentiments/expression_sentiments.pdf> Acesso: 13/03/2016.

MENEZES, Rachel Aisengart. Um modelo para morrer: última etapa na construção social contemporânea da pessoa? Campos. Curitiba, v. 3, p. 103-116, 2003. Disponível em <https://revistas.ufpr.br/campos/article/view/1590> Acesso: 25/01/2017.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos. Tradução de Dora Rocha Flaksman. Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, p. 3-15, 1989. Disponível em <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewFile/2278/1417> Acesso em 25 jan. 2017.

PRIOR, Lindsay. The social organization of death: medical discourse and social practices in Belfast. London: Macmillan, 1989. 230 p.

RODRIGUES, José Carlos. Tabu da Morte. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006. 260 p.

SCAVONE, Lucila. Maternidade: transformações na família e nas relações de gênero. Interface - Comunicação, Saúde, Educação. Botucatu, v. 5, n. 8, p. 47-60, 2001. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/icse/v5n8/04.pdf> Acesso: 18/01/2017.

Downloads

Publicado

2019-09-01

Como Citar

Lerner, K., & Faria, A. F. de. (2019). “Reaprender a viver”: os sentidos da morte e do sofrimento entre mães que perderam filhos. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 4(7), 180–200. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2019.v4i7.180-200