Os álbuns fúnebres de Basílio Jafet: vocação pública e razão identitária de um monumento doméstico

Autores

  • Luiz Lima Vailati Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes-CCH . Universidade Federal de Viçosa-UFV Campus de Viçosa. Avenida Peter Henry Rolfs, s/n, Viçosa – MG. http://orcid.org/0000-0003-3294-7197

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2016.v1i2.398-412

Palavras-chave:

Imigração libanesa, Memória, Acervos particulares, Monumentos funerários.

Resumo

O presente artigo tem como objetivo investigar as motivações que acompanharam a confecção e o uso dos álbuns fúnebres de Basílio Jafet -1866-1947, o que será feito pela apreciação desse material enquanto monumento funerário de natureza doméstica. Deste modo, busca-se entender os álbuns em sua condição de coleção privada, enfatizando duas características que a literatura considera como inerentes a conjuntos desse tipo: como vocacionados à esfera pública e como fatos autobiográficos. É, portanto, em razão e por meio desses traços gerais que eles serão analisados em sua função de suporte identitário de grupo. A hipótese aqui é que, dentre as diretrizes principais da constituição e consumo deste conjunto, estão as estratégias adotadas nos círculos mais proeminentes, dentre os imigrantes sírios e libaneses, tanto em termos de ampliação e consolidação de prestígio no interior da colônia como de sua inserção no quadro maior da elite paulistana de tradição, na primeira metade do século XX.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luiz Lima Vailati, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes-CCH . Universidade Federal de Viçosa-UFV Campus de Viçosa. Avenida Peter Henry Rolfs, s/n, Viçosa – MG.

Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP).

Referências

ABREU, Marcelo Santos de. Luto e culto cívico dos mortos: as tensões da memória pública da Revolução Constitucionalista de 1932 (São Paulo, 1932-1937). Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 31, n. 61, p. 105-123, 2011.

https://doi.org/10.1590/S0102-01882011000100006

ABREU, Regina. Entre a Nação e a Alma: quando os mortos são comemorados. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 7, n. 14, p. 205-230, 1994.

AGULHON, Maurice. Marianne au combat: l'imagerie et la symbolique républicaines de 1789 a 1880. Paris: Flammarion, 1979. 251 p.

ALMEIDA, Adjovanes Thadeu Silva de. O regime militar em festa: a comemoração do Sesquicentenário da Independência Brasileira (1972). 2009. Tese (Doutorado em História) - Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. 301 p.

ARIÈS, Philippe. L'homme devant la mort 1 : Le temps des gisants. Paris: Éditions du Seuil, 1977. 320 p.

CATROGA, Fernando. Nação, mito e rito. Religião civil e comemocarionismo (EUA, França e Portugal). Fortaleza: NUDOC-UFC, 2005. 184 p.

FAGUNDES, Luciana. Do exílio ao Panteão: D. Pedro II e seu reinado sob o(s) olhar(es) republicano(s). 2012. Tese (Doutorado em História) - Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2012. 347 p.

GATTAZ, André Castanheira. Líbano uno e diverso: as múltiplas identidades entre imigrantes libaneses no Brasil. História Oral, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 43-62, jan./jun. 2007.

GONÇALVES, José Felipe. Enterrando Rui Barbosa: um estudo de caso da construção fúnebre de heróis nacionais na Primeira República. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 1, n. 25, p. 135-161, 2000.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Editora Centauro, 2005. 224 p.

KOSELLECK, Reinhardt. L'expérience de l'histoire. Paris: Gallimard, 1997. 247 p.

MAUAD, Ana Maria. A vida das crianças de elite durante o império. In DEL PRIORE, Mary (org). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 1999. p. 137-191.

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Memória e Cultura Material: Documentos Pessoais no Espaço Público. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 21, p. 89-103, 1998.

MICELI, Sérgio. Intelectualidade à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 440 p.

MOSSE, George. The nationalization of the masses: political symbolism and mass movements in Germany form the Napoleonic Wars through the Third Reich. New York: Howard Ferting, 2001. 252 p.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, n. 10, p. 7-28, dez. 1993.

OZOUF, Mona. A festa sob a Revolução Francesa. In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre (org.). História: novos objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976. p. 217-231.

POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.

SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Souvenir de ma carrière artistique. Uma autobiografia de Julieta de França, escultora acadêmica brasileira. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 249-278, jan./jun. 2007.

https://doi.org/10.1590/S0101-47142007000100007

TRUZZI, Oswaldo. Patrícios: sírios e libaneses em São Paulo. São Paulo: Hucitec, 2008. 354 p.

VAILATI, Luiz Lima. As fotografias de "anjos" no Brasil do século XIX. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 51-71, jul./dez. 2006.

https://doi.org/10.1590/S0101-47142006000200003

VAILATI, Luiz Lima. A morte menina: infância e morte infantil no Brasil dos oitocentos (Rio de Janeiro e São Paulo). São Paulo: Alameda, 2010. 360 p.

VILELA, Elaine Meire. Sírios e libaneses: Redes sociais, coesão e posição de status. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 26, n. 76, jun. 2011.

https://doi.org/10.1590/S0102-69092011000200009

VOVELLE, Michel. La Mort et L'Occident de 1300 a nous jours. Paris: Gallimard, 2000. 793 p

Downloads

Publicado

2019-02-25

Como Citar

Vailati, L. L. (2019). Os álbuns fúnebres de Basílio Jafet: vocação pública e razão identitária de um monumento doméstico. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 1(2), 398–412. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2016.v1i2.398-412