A Inquisição e a morte: o caso português

Autores

  • Ronaldo Vainfas Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ-FFP)

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6n12.e11446

Palavras-chave:

Inquisição, Pena de morte na fogueira, Práticas judiciárias inquisitoriais

Resumo

O artigo discute a pena capital da morte na fogueira aplicada pela Inquisição Portuguesa entre os séculos XVI e XVIII. Insere a questão na tradição historiográfica e atual sobre a máquina judiciária inquisitorial. Relaciona a pena de morte com os Autos de Fé, considerando-os como espetáculos de massa que seduziam e ameaçavam os fiéis, ao mesmo tempo. Analisa, com algum detalhe, a processualística inquisitorial, em particular, as circunstâncias que poderiam levar à pena de morte ou evitá-la, considerando a época, o tipo de delito e as circunstâncias atenuantes e agravantes. Reconhece a crueldade da Inquisição enquanto instituição desumana, segundo critérios atuais, mas tenta contextualizá-la no seu tempo. Um tempo em que as desigualdades e a violência eram banalizadas e legitimadas. Enfim, recorrendo a indicadores quantitativos, demonstra que a pena capital foi minimamente praticada pelo Santo Ofício, se comparada a variedade de sentenças proferidas pelo Tribunal.

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Biografia do Autor

Ronaldo Vainfas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ-FFP)

O artigo discute a pena capital da morte na fogueira aplicada pela Inquisição Portuguesa, entre os séculos XVI e XVIII. Insere a questão na tradição historiográfica e atual sobre a máquina judiciária inquisitorial. Relaciona a pena de morte com os Autos de Fé, considerando-os como espetáculos de massa que, ao mesmo tempo, seduziam e ameaçavam os fiéis. Analisa, com algum detalhe, a processualística inquisitorial, em particular, as circunstâncias que poderiam levar à pena de morte ou evitá-la, considerando a época, o tipo de delito e as circunstâncias atenuantes e agravantes. Reconhece a crueldade da Inquisição enquanto instituição desumana, segundo critérios atuais, mas busca contextualizá-la em seu tempo. Um tempo em que as desigualdades e a violência eram banalizadas e legitimadas. Enfim, recorrendo a indicadores quantitativos, demonstra que a pena capital foi minimamente praticada pelo Santo Ofício, se comparada à variedade de sentenças proferidas pelo Tribunal.

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Publicado

2021-12-29

Como Citar

Vainfas, R. (2021). A Inquisição e a morte: o caso português. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 6(12), 301–317. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6n12.e11446