O que o Moridero, de Mario Bellatin, pode nos dizer sobre a morte e suas facetas na modernidade?

Autores

  • Lilian Silva Pinto Graduada e Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia
  • Fábio Figueiredo Camargo Universidade Federal de Uberlândia

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2020.v5i9.125-141

Palavras-chave:

Modernidade, Morte, Tabu, Corpos Abjetos, Mario Bellatin

Resumo

Mediante o conto Salón de Belleza, de Mario Bellatin, que trata da transformação de um centro cosmético em um espaço destinado ao amparo de moribundos acometidos por uma doença misteriosa, discute-se, neste artigo, a influência que alguns processos sociais tiveram na construção de uma percepção que os indivíduos passaram a carregar na modernidade sobre a morte e seus desdobramentos. Essa nova conjuntura social, política, econômica e cultural, marcada pelo surgimento dos Estados-Nações e pela chamada Medicina Social Clínica, que se consolidaram por volta do século XIX, contribuiu para a formação de um imaginário social que passou a compreender a morte e tudo que, supostamente, estivesse ligado a ela, como a feiura, a doença, a loucura e a estranheza, como algo desprezível e que, necessariamente, devesse ser afastado do alcance dos olhos da sociedade. Uma das razões que levaria a tal percepção surgir, estaria vinculada ao próprio projeto que a modernidade criou para si baseada numa sociedade da ordem e da pureza.

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Biografia do Autor

Lilian Silva Pinto, Graduada e Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia

Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) 2014/2016. Foi editora assistente na Revista Eletrônica de Ciências Sociais do curso de graduação em Ciências Sociais da UFU 2011/2013. Foi editora técnica na Revista Crítica e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFU em 2014/2016. Atualmente, é professora efetiva de Sociologia na E.E. Dom Lustosa, Patrocínio, Minas Gerais.

 

Fábio Figueiredo Camargo, Universidade Federal de Uberlândia

Professor adjunto IV do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) onde é Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras/Estudos Literários. Possui Doutorado em Literaturas de Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

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Publicado

2020-07-13

Como Citar

Pinto, L. S., & Camargo, F. F. (2020). O que o Moridero, de Mario Bellatin, pode nos dizer sobre a morte e suas facetas na modernidade?. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 5(9), 125–141. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2020.v5i9.125-141