PROCESSOS CRIATIVOS EM TEATRO DE IMPROVISO E A INSTITUIÇÃO DA VIOLÊNCIA NO CORPO DO ATOR-IMPROVISADOR UM ESTUDO TEÓRICO-EMPÍRICO NO CONTEXTO INTERCULTURAL BRASIL-PORTUGAL

Main Article Content

José Luis Felicio Carvalho

Resumo

Creative Processes in Improvisational Theater and the Institution of Violence in the Body of the Actor-Improviser:


A Theoretical-Empirical Study in the Brazil-Portugal Intercultural Context


 


RESUMO: Embasado por revisão bibliográfica e por uma investigação empírica de base qualitativa com perspectiva intercultural, realizada junto a seis coletivos teatrais de diferentes localidades de Brasil e Portugal, entre março de 2017 e maio de 2019, o artigo tem por objetivo analisar como se institui a violência no corpo do ator-improvisador brasileiro nos processos criativos instantâneos característicos do teatro de improviso, a partir de dados coletados principalmente por observações e entrevistas, posteriormente tratados por análise de conteúdo. A discussão envolve tanto as respostas espontâneas dos corpos dos artistas ao grau agudo de violência que singulariza a estruturação socioeconômica de um país no qual o sistema capitalista abandonou qualquer espécie de pudor com relação a seus mecanismos opressores, quanto o enviesado adestramento de alguns desses corpos por meio de artes marciais que podem estancar o fluxo livre da criatividade em cena e que, frequentemente, parecem impor aos participantes do jogo improvisado uma performatividade tipificada pela brutalidade – muito embora a prática de lutas tenha evoluído, na contemporaneidade, para a valorização de uma cultura de paz e respeito ao próximo. Por fim, são oferecidas considerações críticas acerca de tais processos, no intuito de sugerir aos atores-improvisadores reflexões acerca de possibilidades mais engajadas e combativas para o teatro de improviso, porém direcionadas para a resistência contra a ameaça comum, não contra os companheiros de cena.


Palavras-chave: Improvisação; Teatro de Improviso; Sistema Impro; Processos Criativos; Corporalidade.


 


ABSTRACT: Based on a literature review and an empirical research with a qualitative basis with an intercultural perspective, carried out with six theatrical collectives from different locations in Brazil and Portugal, between March 2017 and May 2019, the article aims to analyze how violence is instituted in the body of the Brazilian actors-improvisers in the instant creative processes characteristic of improvisation theater, based on data collected mainly through observations and interviews, later treated by content analysis. The discussion involves both the spontaneous responses of the artists’ bodies to the acute degree of violence that singularizes the socioeconomic structuring of a country in which the capitalist system abandoned any kind of modesty regarding its oppressive mechanisms, as well as the skewed training of some of these bodies through martial arts that can stop the free flow of creativity on the scene and that often seem to impose on the improvised game a performativity typified by brutality – even though the practice of fighting has evolved, in contemporary times, for the valorization of a culture of peace and respect for others. Finally, critical considerations are offered about such processes, in order to suggest to the actors-improvisers reflections about more engaged and combative possibilities for improv theater, but directed towards resistance against the common threat, not against the companions on stage.


Keywords: Improvisation; Improv Theater; Impro System; Creative Processes; Corporeality.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Article Details

Seção
Artigos
Biografia do Autor

José Luis Felicio Carvalho, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

José Luis Felicio Carvalho (em arte, Zeca Carvalho) é ator, improvisador, encenador, Bacharel em Artes
Cênicas (UNIRIO) e em Administração (UFRJ), Mestre e Doutor em Administração (PUC-Rio), e Professor Associado IV da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No período 2018-2019, cumpriu Pós Doutoramento no Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CET/UL). Em sua formação como improvisador, estudou com os nomes mais sonantes da América do Sul e da Europa, tendo participado de diversos festivais nacionais e internacionais de teatro de improviso. Fundou três grupos de improvisação competitiva, com os quais obteve importantes premiações brasileiras e sul-americanas. Ministrou workshops de teatro de improviso para atores e nãoatores em instituições acadêmicas, coletivos artístico-culturais e organizações empresariais no Brasil e em Portugal. Em 2017, foi o diretor artístico do primeiro Festival Universitário de Teatro de Improviso do Brasil e, desde 2020, coordena na UFRJ o projeto de extensão Universidade Impro, que se destina a ampliar o alcance do teatro de improviso para além da comunidade acadêmica, por meio de espetáculos e oficinas teatrais. De seu currículo, constam workshops e masterclasses de improvisação teatral em instituições tais como Fundação Getulio Vargas, Instituto Politécnico de Coimbra, Universidade de Coimbra, Universidade de Lisboa, Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Em 2019, publicou pela editora 5Livros, do Porto, a obra “O Corpo no Teatro de Improviso – uma análise intercultural”.